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Foto do escritorManuel Pinheiro

Vinho Verde: o privilégio de ser “único”

O Vinho Verde é mesmo único no mundo. À semelhança do que acontece com outros terroirs de excepção, o Vinho Verde é exclusivamente produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, no Noroeste de Portugal, a partir das castas autóctones que garantem a preservação de uma tipicidade de aromas e sabores que são assumida e reconhecidamente diferenciadores a nível mundial.


Muitas das castas produzidas na Região dos Vinhos Verdes são consideradas autóctones à custa da sua antiguidade neste território e pelo facto de terem surgido apenas no Noroeste Ibérico, o que é também um dos factores que traduz com maior intensidade a especificidade do Vinho Verde. Nas castas brancas temos o Alvarinho, o Arinto, o Avesso, o Azal, o Loureiro, a Trajadura e, nas tintas, o Espadeiro, o Padeiro e o Vinhão. É incontornável referir o Alvarinho da sub-Região de Monção e Melgaço como produto estrela da Região, mas seria injusto não mencionar a crescente afirmação do Loureiro ou do Avesso.


Desde o Vinho Verde produzido a partir da criteriosa junção de várias castas seleccionadas, ao Vinho Verde varietal, produzido a partir de uma única casta, a oferta da Região é diversificada. Juntam-se ainda as grandes aguardentes e os espumantes de Vinho Verde.


Os Vinhos Verdes brancos apresentam cor citrina ou palha, aromas ricos, frutados e florais, dependendo das castas que lhes dão origem. Na boca são harmoniosos, intensos e evidenciam uma grande frescura. Já os Vinhos Verdes rosados revelam uma cor levemente rosada ou carregada, aromas jovens, frescos, lembrando frutos vermelhos. O sabor é harmonioso, fresco e persistente.


Os Vinhos Verdes tintos apresentam cor vermelha intensa e, por vezes, espuma rosada ou vermelha viva, aroma vinoso, com destaque para os frutos silvestres. Na boca são frescos e intensos, muito gastronómicos. O Espumante de Vinho Verde mantém o perfil de prova do Vinho Verde, sendo reforçadas as características de frescura aromática, associada a uma maior complexidade gustativa. A preferência de consumo dita a escolha, desde um Espumante Bruto Natural ao Espumante Doce, em função da concentração de açúcar residual, ou entre um Reserva ao Grande Reserva, mediante o tempo de estágio em garrafa.


A Aguardente Bagaceira de Vinhos Verde apresenta um aroma e sabor muito acentuados, provenientes dos óleos essenciais existentes nas películas e graínhas das uvas, que são tanto mais evidentes quanto maior for a quantidade de princípios aromáticos. As aguardentes bagaceiras, sem estágio em casco, são as mais tradicionais da Região. Não apresentando coloração, a sua principal distinção encontra-se nos aromas intensos e expressivos a bagaço, fazendo lembrar, por vezes, fruta cristalizada.

A Aguardente Bagaceira Velha conta em média com pelo menos 1 ano de envelhecimento em casco e a Aguardente Bagaceira Velhíssima com pelo menos 2 anos. Estas apresentam uma cor que vai desde o amarelado ao topázio, aromas e sabores intensos e finos a madeira.


Com cerca de 20 mil viticultores e 600 empresas engarrafadoras, a Região dos Vinhos Verdes reúne um elevado número de produtores de pequena dimensão, responsáveis por gerar riqueza e criar postos de trabalho no Norte do país. São, na sua maioria, pequenos produtores que têm aprendido a explorar a diferenciação que a viticultura exposta à influência do Oceano Atlântico lhes proporciona.


Apesar de apenas 20% das empresas registarem actividade exportadora significativa, as últimas duas décadas marcaram a reestruturação da Região com sucessivos recordes de exportação nos últimos 10 anos. Com uma produção anual de 70 milhões de litros que geram mais de 50 milhões de euros em exportações para a economia portuguesa, o Vinho Verde está já presente em 107 países e é líder nacional das exportações de vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC) não licorosos.


Os mercados externos encontram nos Vinhos Verdes um perfil ideal à tendência de consumo de vinhos mais leves, frescos e gastronómicos. A diversidade e versatilidade na harmonização com diferentes pratos, mesmo os mais exóticos da cultura asiática, aliada às excelentes propostas de qualidade/preço da Região, levam-no às prateleiras de supermercados, dos Estados Unidos ao Japão ou ao Brasil, entre outros destinos.


A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), instituição que certifica a Denominação de Origem Vinho Verde, tem desempenhado um importante papel de promotor da internacionalização dos produtores da Região, enquanto agente facilitador de contactos negociais e promocionais. Sobretudo, desde a década de 2000, está em curso um forte programa de promoção em cerca de 10 mercados estratégicos, levando as empresas da Região às principais feiras internacionais, assim como promove a realização de seminários e programas de formação nas principais escolas, organiza provas para o consumidor e capta jornalistas e compradores em visita a Portugal.


O consumo de Vinho Verde regista uma tendência crescente, pois é um vinho que se desvenda numa frescura vibrante, com elegância e leveza, assumindo uma expressão aromática e gustativa com destaque para as notas frutadas e florais. Vinho Verde é sinónimo de convívio, de alegria, de descontração, de harmonização com diferentes gastronomias. O Vinho Verde é hoje uma marca à escala global, com características que o destacam em diferentes mercados como uma referência.


Ao longo da última década o crescimento da Região foi notável, com produtores e enólogos a sublinhar um trabalho de crescimento no sentido de aumentar a qualidade e o valor dos seus vinhos, de ampliar a sua presença no exterior, participando em acções de promoção nos mercados estratégicos e dando a conhecer as novidades e o potencial dos Vinhos Verdes.


Mas o consumidor quer mais experiências, mais conhecimento do território e dos produtos associados e, nessa perspectiva, a Rota dos Vinhos Verdes é um bom roteiro para esses apreciadores e, obviamente, cumpre o propósito de promover a Região e os vinhos que cá se produzem.


O Vinho Verde é tão versátil e apresenta um perfil tão vasto – quer pelas castas, quer pelo trabalho fabuloso que os enólogos da nossa Região têm vindo a desenvolver – que acreditamos que qualquer apreciador de vinho seja capaz de encontrar um Vinho Verde que lhe agrade e que o surpreenda. É este o privilégio se ser “único”.


Manuel Pinheiro - Presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes


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